O marketing de influência está evoluindo rápido, mas ainda carrega resquícios de um velho oeste sem regras, onde pagamentos são inconsistentes, contratos pouco claros e a transparência nem sempre é prioridade. Enquanto a Creator Economy caminha para um mercado de meio trilhão de dólares nos próximos cinco anos, a necessidade de padronização nunca foi tão urgente. Como Kristen Nino de Guzman apontou, “a Creator Economy ainda é uma indústria sem regulamentação quando se trata de remuneração de criadores.” Marcas, agências e criadores precisam de um jogo mais justo — e isso começa com clareza nas relações.
Os desafios são reais. Muitas marcas ainda pensam em seguidores como moeda de troca, ignorando métricas mais relevantes como engajamento e impacto real. E o problema não para por aí. Em vez de investirem na construção de parcerias estratégicas e focarem na sinergia para alcançar resultados concretos, muitas marcas desperdiçam energia tentando minimizar qualquer risco de polêmica, enquanto deixam de lado o que realmente importa. Como Jamie, fundador da Creative Vision, destacou, “A maioria das marcas foca em segurança de marca (brand safety), mas deveriam focar na estupidez da marca (brand stupidity),” criticando a forma como priorizam o medo de um criador dizer algo controverso, ao invés de estruturarem relações de parceria mais inteligente e pautadas na confiança.

Mas estamos vendo mudanças. Modelos de pagamento mais ágeis estão ganhando espaço, e criadores estão tratando seu trabalho como um negócio – com contratos mais bem estruturados, assessoria jurídica e a exigência de compensação justa. E mais do que nunca, marcas estão percebendo que não basta apenas patrocinar tendências: “Você não pode comprar um pedaço da cultura,” destacou Jamie, apontando a diferença entre publicidade tradicional e o poder autêntico da defesa de marca feita por criadores.
O grande objetivo? Um mercado mais equilibrado. O que importa é que haja critérios claros para precificação, pagamentos justos e contratos que protejam ambas as partes. A transparência não beneficia só os criadores – ela fortalece todo o ecossistema. Marcas ganham campanhas mais eficazes, agências podem focar no que realmente agrega valor e, no fim, todo mundo sai ganhando. Afinal, um dos grandes problemas ainda é a falta de feedback sobre campanhas: “85% dos criadores dizem que, depois de uma campanha, nunca recebem feedback das marcas sobre como ela foi avaliada ou qual foi seu desempenho. E isso é insano, porque aí estão os melhores aprendizados” disse um dos participantes do painel sobre precificação e transparência.
No fim das contas, o marketing de influência não é só sobre visualizações ou números de seguidores. É sobre parceria real, respeito e reconhecimento do valor criativo. A era do improviso está acabando.
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Escrito por: Mayer Mirmovicz,
Sócio-diretor | Social Tailors
Presidente do Comitê de Creator Economy | IAB Brasil