Não é YouTube, é Vimeo!

Não é YouTube, é Vimeo!
Os vídeos do YouTube são produzidos por conta de seu potencial de audiência e isso é nivelar por baixo. O mundo precisa de conteúdos menos motivados pela cabeça do departamento comercial.
por Wagner Martins
A programação da HBO entrega sem falhas a promessa do seu famoso slogan: “Não é TV, é HBO!”. Trata-se do mais antigo serviço de TV por assinatura do mundo e entender porque a HBO nasceu e cresceu vai te ajudar a entender porque o desenvolvimento do Vimeo é uma bela aposta pro mundo Pós-TV.
Amadureci essa ideia no fim do meu primeiro mês sem TV e estou aqui para compartilhar o que existe no mundo fora das grades.
Assim como a HBO, o Vimeo abriga vídeos com qualidade artística e técnica superiores. Ambos também dão guarida para conteúdos controversos e com baixo potencial comercial. Tudo porque quem paga a conta não é o anunciante, mas sim o espectador. E isso, meus amigos, faz toda a diferença.
Nada contra o YouTube e seu modelo construído em torno de anúncios (lembrando aqui que eu trabalho com isso!). Ele está sustentando cada vez mais criadores talentosos e transformando o conteúdo que consumimos. Comparado com TV convencional, já é um grande avanço. Mas, convenhamos, decidir se algo deve ser produzido por conta de seu potencial de audiência é nivelar por baixo.
O que a HBO fez, há mais de meio século atrás, foi romper estes grilhões. Dane-se o que o anunciante quer. Ou o que traz mais audiência. Vamos fazer o que achamos bom e quem vai pagar a conta é o assinante. E muita gente logo enxergou a vantagem de pagar diretamente o produtor de conteúdo em vez de consumir algo arbitrado por marcas e agências de publicidade. Ou por criativos que, na ânsia de faturar mais, buscam o menor denominador comum para ter mais audiência e vender seus espaços publicitários por um preço maior.
Ao não ter anúncios desde o início, o Vimeo reuniu uma comunidade de criadores que não estão preocupados primariamente com isso. Não que eles sejam hippies que não curtem dinheiro. Eles só buscam formas mais “puras” para se financiar. E agora, com essa comunidade desenvolvida, foi lançado o Vimeo On Demand, onde qualquer um pode publicar e vender o seu conteúdo dentro da plataforma. No preço e no modelo que quiser.

Da mesma forma que o YouTube avançou democratizando o acesso ao dinheiro da publicidade, o Vimeo avançará tornando acessível o modelo de assinatura e monetização direta para qualquer criador. Sim, o YouTube já tem uma iniciativa de monetização via assinatura, mas ele não tem a comunidade de criadores que entregue a qualidade artística do Vimeo.
São dois bichos diferentes. Como a HBO era um bicho diferente da TV a ponto de motivar os assinantes de cabo a pagarem um “a mais” para acessar aquela série super bem produzida que, de quebra, ainda capricha numas ceninhas de soft porn.
Há espaço pros dois. E o espaço que o Vimeo batalhará pra desenvolver ainda está virgem. E torço muito por eles porque, apesar de trabalhar com YouTube e publicidade, eu acho que o mundo precisa de conteúdos menos motivados pela cabeça do departamento comercial.

Me faça um favor e assista esta playlist com 10 vídeos que separei no Vimeo.
E aí, me diga no email mrmanson@youpix.com.br, no meu twitter ou deixando uma nota aqui ao lado se o Vimeo tem ou não tem um gostinho bem diferente do que vemos no YouTube. E se vale a pena pagar por algo assim.
Originally published at youpix.virgula.uol.com.br on January 30, 2015.